quarta-feira, 26 de março de 2008

Le Diariô – La paginá 13 (Un-Trois)

O Diário Tarda mas não Falha

Ou não fala. Vocês escolhem a versão.
Para que não fiquem com raiva de mim, não coloquem meu santo nome em vão na boca do sapo que não lava o pé porque não quer, não me inscrevam no Big Brother nem me convidem pra tomar cerveja quente, já vou avisando: não demorei pra escrever por estar bundeando (derrièrian) em Paris. Não por falta de vontade ou motivação, mas porque o instrutor do curso não pode ver ninguém feliz, e não dá uma folga.
Só que eu sou brasileira e não desisto nunca. Com meia dúzia de gatos latinos e árabes pingados saí no sábado à cata de um lugar pra beber, dançar e rir. Não necessariamente nesta mesma ordem.
Saímos de Val d’Europe, destino Saint-Germain. Umas punhentas estações entre um ponto e outro. Já estávamos no trem havia uns 15 minutos quando perguntei ao peruano da ocasião:
- Roberto, cual estación estamos?
Ele, rápido como Speedy Gonzales:
- Sortie!
A noite prometia.

Boate escolhida, mãos (ou pernas, como queiram) à obra. Até que as baladas parisienses são boas, sobretudo se compararmos com o som bate-estaca de Aberdeen. Músicas variadas, de techno a salsa, passando por pop e – direto do túnel do tempo – lambada! Nem precisa de muito álcool no sangue pra se divertir – mas, pra quem faz questão de manter seus níveis em equilíbrio constante, aconselho a Amsterdã, cerveja que pode ser encontrada em 3 versões: basiquinha com 6% de álcool, pra bombar com 8.4%, e tô bêbado não, seu guarda, com 11%.
Não tentem falar inglês aqui. Na porta duma danceteria latina, o segurança, um negão 2 x 2 m2, quase me esfola só com o olhar de desprezo. Rabo entre as pernas, saída pela direita, leão da montanha!
Também não tentem comer o pãozinho francês. Pela dureza e consistência, só posso crer que ele é importado do Brasil em cestas de vime, transportado em canoas feitas sei lá com quantos paus, e demora 3 meses, 13 dias e 18 horas pra chegar aqui.
Mas guarde um no bolso, pra tacar na cabeça do negão mal-humorado.

Agora um pouquinho de inveja a vocês, totalmente de graça, uma cortesia Jackie Pé Na Estrada: Notre Damme é um desbunde (des-derrière). Do que eu consegui ver aqui, é o ponto mais uh-la-lá – ganha da Eiffel, do Louvre, dos Arcos do Triunfo, e até da minha sala de aula (que não concorre em qualidade, mas em quantidade de visitas).
Aliás, álbum novo na net. Ainda não deu pra colocar legendinhas bonitnhas e engraçadinhas, mas já dá pra estragar o teclado com a babação:

http://www.kodakgallery.com/I.jsp?c=71aylqpj.9m0b0qlj&x=0&y=grqnbf

Pra finalizar, uma historinha pra mostrar que eu viajo, viajo, viajo, mas continuo fazendo amigos loucos. A venezuelana que compõe o Conselho da ONU reunido para destruir o ar blasé dos franceses tentava explicar alguma coisa durante o almoço. O assunto envolvia galinha, e como ela não sabia a palavra em inglês pra isto (hen), mandou um chicken woman.
Perguntei se era uma nova super-heroína.

Jaqueline Costa
Para citar este diário:
TEQUILA, Jackie. As Páginas do Diário. Ed. A Rocha. Planeta Terra, 2008
Sem esquecer de depositar 10 euros/palavra em minha conta bancária

quinta-feira, 6 de março de 2008

Diário de Estibordo – Página 12

Une Brésilienne à Paris – AH MULEQUE!!!!

É isso mesmo. Podem me chamar de escrota. Je suis escrotê!
Cheguei em Paris num agradável domingo de Sol. O endereço que me passaram como minha morada pelos próximos 2 meses era o número 42 de Cours du Danube. Em minha última estada por aqui, fiquei num hotel que, eu me lembrava bem, está na mesma rua.
Pra evitar o trânsito (trés fou) de Paris para os subúrbios, fui de trem. A estação de Val d’Europe fica a 2 passos do hotel anterior e a rua, assim como eu me lembrava, era curta. E, como minha mala tinha rodinhas, estava tranquilo.
O hotel passado é o número 12 da rua. Ao final dela, eu ainda estava no número 18. Foi quando a porra do curso do Danúbio fez uma curva de 90o e continuou, longamente sinuoso como todo rio que se preze.
Olhei para aquele longo horizonte que se desnudava à minha frente e pensei: todo castigo pra corna é nascer Jaqueline.
Nenhum táxi passava pelo curso do Danúbio. Nem táxi, nem canoa, nem balsa. A náufraga aqui já quase pedindo ajuda a Wilson.
Eu mencionei que a alça da minha mala estava meio danificada pela viagem? Não? Bem, ela estava. E eu ainda estava no meio do rio quando ela quebrou de vez.
Pierre et Vacances, meu endereço pelas próximas semanas, fica, obviamente, no final de Cours du Danube. Praticamente no delta do rio asfaltado.
Passear aqui é um deslumbre. Lugares bonitos, ruas bonitas, homens lindos... infelizmente, também está cheio de mulheres recém-saídas da capa da Vogue. Não existe francesa feia, mal-arrumada ou gordinha! Ou melhor, existe. Uma só. E é caixa do super-mercado aqui perto. Quando eu começo a me sentir a última mulher sobre a terra, saio pra fazer compras e me dar conta que isso não é a verdade.
Estou mais pra penúltima.
Meu francês está um espetáculo! Falo fluentemente “não sei falar francês”.
Mas eu sou brasileira, não desisto nunca! Um dia ainda aprendo pelo menos um idioma decentemente!
Nem que seja o português...
Jaqueline Costa
Desculpe se minha posição geográfica lhe agride

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

Cookie é bom, ninguém quer dar!