sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Último Titã

Buscando o Lendário e Imaginário Monstro de Loch Ness

Aberdeen, embora seja a terceira maior cidade da Escócia, tem parcos 200 mil habitantes. Pequena assim, as opções de diversão são totalmente exploradas em menos de um mês. Resumindo em duas frases:

  1. Se Aberdim é a terceira, não quero nem imaginar a quarta!
  2. Fim-de-semana sem embarque é sinônimo de “vamos inventar algo para fazer”.

Eu ainda arrastava comigo os resquícios de ressaca da estada Brasil/Chile quando o fim-de-semana apresentou-se livre para mim e para minha amiga colombiana, fiel escudeira de aventuras highlandesas.
A proposta: ir até Inverness, cidade onde se encontra o lago Ness, tão famoso pela lenda do monstro-serpente que habita suas águas. Serpente lacustre, porque pra ser marinha teria que ir um pouco mais pra fora. Viajando de carro, para conhecer realmente as Highlands (que, para quem não sabe, são apenas uma parte, e não toda a Escócia. Aberdeen seria, digamos, parte das Mediumlands. Ou Boringlands, ainda estou pesquisando essa parte) e, de quebra, as destilarias pelo caminho Coisa que eu nem gosto, só fui para poder escrever este relato a vocês, porque sou uma alma gentil e caridosa.
Na véspera de botar o pé na estrada, fomos ao supermercado Mega-Seu-Manel-da-Padaria da esquina para comprar víveres, já que iríamos acampar na beira do lago. Entre uma barra de cereal e outra, eis que divisamos a super-promoção da semana: 12 garrafas de cerveja belga, a nossa querida Stella Artois, por meras 8 libras.
2 pares de olhos brilharam. E a proposta de um fim-de-semana saudável teve morte súbita.

De manhãzinha, apontamos nossos narizes (e o capot do carro) para o Norte e vamos que vamos! Primeira parada, Destilaria Glefinddich, lar do whisky homônimo. Agora tentem falar ‘homônimo’ e ‘Glefinddich’ com umas doses de whisky no carburador – já sabendo que isto seria impossível, falamos sobre o whisky durante a visita, e pra noite ia ficar mesmo assuntos mais comuns, com palavras mais simples.
Entre tonéis envelhecidos gigantes e sbroubles áreas e maneiras diferentes de fermentação de malte, sentíamos o nível alcoólico subir só pelo cheiro das salas. Claro que isso não melhorava a qualidade das piadas, mas para a salvação de nossa moral, ninguém ali entendia espanhol.
Até o final daquela noite, com a mistura etílica que faríamos, nem eu entenderia.

Aliás, nem a colombiana.

Entramos na sala escura onde a bebida é envelhecida. Diferentes tipos de madeira nos tonéis para dar diferentes sabores. Explicações feitas, o desafio: cheirar 3 barris diferentes e adivinhar qual whisky era 12, qual 16 e qual 21 anos.
Só digo uma coisa: se fosse pra acertar sabor de refrigerante eu estava danada. Mas na destilaria... eu deveria receber um salário por isso!
Final do passeio e degustação, que afinal nós viemos aqui pra beber E pra conversar, e voltamos ao ousado peugeot e reiniciamos a viagem. Próximo destino: Strathisla Distillery. Se não soou nenhum sino em sua cabeça, é apenas porque você bebeu pouco, mas é lá que se fabrica o famoso Chivas Regal.
Entre um whisky e outro, já era quase hora do almoço. E o dia estava lindo, e nós estávamos perto da praia. Desnecessário dizer, embicamos o carro na direção do litoral e tivemos um típico almoço latino: numa mesa na calçada, de biquini, e tomando chopp. Não tão gelado quanto me agradaria, mas não suficientemente quente para me deixar de mau humor. Até porque, só de olhar a cara de espanto dos locais, olhando aquelas duas figuras de frente pro sol usando biquini já rendia ótimas gargalhadas.
A um momento eu quase estendi minha mão a um dos passantes e disse “leve-me ao seu líder”.

Ao final da tarde, chegamos a Inverness. Uma agradável cidade que dá a impressão de ser muito maior que Aberdeen. Impressão falsíssima, sua população é de minguados quarenta e poucos mil habitantes. Um estádio de futebol, por assim dizer. E tudo ali respira Nessie. Bonequinhos, bonecões, revistas, livros, filmes, chapéus, chaveiros, a cerveja do monstro, lanterna pra buscar o bicho no escuro (uau! Mas que delícia!), relatos, fotos, postais, chá, biscoitos, quebra-cabeças, o baralho a quatro pra jogar sueca.
Se fosse no Brasil também teria samba-enredo e um carro-alegórico de 50 metros de altura empacado na entrada da cidade.
A noite já se anunciava, então fomos ao camping esticar nossos sacos de dormir e nos preparar para a caça ao monstro do dia seguinte.
‘Nos preparar’ significa basicamente tomar todas as cervejas trazidas e arrematar com o whisky comprado no meio do caminho. Se a intenção era ver monstro, já nem precisávamos mais ir até o lago.
O domingo amanheceu solidário à nossa ressaca, chuvoso e frio. Entramos no barquinho para o passeio pelo lago, e qual não foi a boa surpresa de ver que no barquinho tinha bar. Coronas em punho, vamos lá caçar essa cobra d’água!
Um sonar ligado mostrava a movimentação abaixo de nós, e dizia a profundidade, enquanto o narrador com seu sotaque de bárbaro escocês contava toda a lenda de Nessie. Para minha decepção, descubro que o ‘profundíssimo’ lago Ness tem, em seu ponto mais crítico, meros 300 metros de lâmina d’água. Ah, fala sério! Profundo de cu é rôla! Com essa piscininha Toni eles querem me enganar que eu vou ver serpente?

Pior: monstro escocês na água? Como se algum habitante destas paragens fosse chegado num banho!

Jaqueline Costa
Não viu o monstro

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fórmula 1

Vocês acham que foi ruim o Glock (que deve ser mesmo só 9 milímetros. E fino!) ter aberto a porta e as pernas na última curva, deixando o Hamilton passar e tirando o campeonato que já todos comemoravam das mãos do Massa?
Então experimentem viver tudo isso na Grà-Bretanha!
E sendo a única brasileira no trabalho!
Assisti a corrida entre latinos, mas foi só a bandeira quadriculada tremular para o piloto gameboy da McLaren para eu receber uma mensagenzinha engraçada de um cálega de siuviço. Inglês, óbvio.
Segunda de manhã, ainda de mau-humor com essa história, ainda ouço mais uns três marmanjos fazendo piadinhas. Pior, escoceses - ora, vão ver em que posição ficou o Coulthard!
Aí, quando achei que já tinha acabado a rodada de piadinhas, eis que meu futuro-novo-chefe, escocês, começa seu round. Que durou o dia todo. E eu educadinha já que era chefe...
Lá pela terceira gracinha, lembrei que ele não fala português e mandei tomar no cu. Ora pílulas!

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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