domingo, 5 de abril de 2009

Mi Casa, Su Casa

Shakira Shakira

Foi uma surpresa pra mim enquanto planejava minha viagem para a terra de Juanes, ainda na Grande Bethânia, ver que não há vôo direto Rio-Bogotá. Minhas opções eram pit-stop em São Paulo, Lima ou La Paz.
Não que uma visita ao Peru, depois de tanto tempo sem contato com esta nação tão... aprazível, não seria bem-vinda. Mas Isto me levaria a uma viagem com um total de 22 horas, então deixei o prazer de ladinho (Mas Que Delícia!) e, mesmo arriscando-me a chegar na Colômbia e descobrir que minhas malas tinham sido enviadas para o Vietnam, optei pela escala paulixta.
Um fato já comprovado cientificamente e registrado nos anais da ciência é que todo castigo pra corno é pouco. Horário de saída do Rio: seis da manhã!
Pra não perder tempo, já que nós viemos aqui pra beber E pra fofocar, virei a noite à base de cerveja e vida alheia com minhas amigas no Rio. Segui depois direto (mas não muito reto... ) para o aeroporto.
Armada de muita vontade de conhecer o ritmo colombiano, encarei as dez horas de vôo Avianca, uma empresa que possui séria crise de identidade, ainda não se definiu como companhia aérea, turística, cooperativa de van ou camelódromo.
Os vôos foram cornometrados para que Ivy e eu chegássemos exatamente à mesma hora em Bogotá. Encontrei a Paulixta no saguão para recolher as malas – que, inacreditavelmente, chegaram direitinho. Acho que foi a excessão que comprova a regra. Colocamos nossas respectivas bagagens no carrinho e seguimos para a aduana. Qual não foi nossa surpresa quando, depois de passar as malas pelo raio-x, percebemos que estávamos já no estacionamento!
É isso aí... o aeroporto de Bogotá vai direto ao assunto. Se você já pegou suas malas, o que quer mais? Some!

Adris nos esperava já, e seguimos direto para sua casa, só para deixar os pacotes e começar a explorar a cidade.
Ou, melhor dizendo, as ofertas etílicas da cidade.
Depois de uma agradável tarde regada a mojitos (ou mojotes. Cada cuia tinham bem um meio-litro da bebida), voltamos à casa de Adris, só para deixar o carro e então seguir novamente rumo à night, então em taxi.

Deixar o carro é um termo mais que perfeito. Nem que quiséssemos, poderíamos usá-lo pra sair, já que a colombiana incorreu no primeiro dos três erros que um motorista deve evitar: trancar o carro com as chaves dentro!

Nos dias seguintes ela ainda cometeria os dois outros erros: nunca use um rádio de frente removível se você não sabe colocar a frente de volta, e, acredite, freio-de-mão só se usa com o carro parado...

A noite foi longa, com direito a sermos botados pra fora da boate afinal já era muito tarde (ou muito cedo, depende do referencial). Bem, foi longa pra mim e pra Ivy. Pra Adris e seus amigos foi aparentemente curta, já que eles não conseguem se lembrar de metade do passeio.
Dia seguinte, parte recuperadas da hiperdosagem de mojitos, fomos conhecer a bela Bogotá. Com direito a visitar o Museu de Botero, subida ao Santuario de Monserrate de onde se pode ver toda a metrópole, caminhada pelo centro, visita ao Chorro Quevedo. Tudo isto tendo como guia Adris, que cavava em sua memória as aulas de história da infância para nos brindar com explicações:

- Policarpa Salvarrieta foi a “Libertadora do Libertador”, a amante de Simón Bolívar que o ajudou na revolução e foi responsável por salvar a ele de vários atentados. . .

Esta interessante explicação foi dada quando, caminhando por uma das ruazinhas que mais pareciam uma versão em espanhol do nosso Pelourinho, vimos uma placa que dava conta de ter vivido naquela casa uma senhora que for amiga de Policarpa.
Momentos mais tarde, numa livraria, a Paulixta pega um livro e calmamente pergunta pra Adris:
- Ei, quem foi mesmo a Libertadora do Libertador?
Adris, certeira: “Policarpa Salvarrieta!”
- Ah, sei... e esta aqui quem foi?
Ivy mostrou o livro: Manuela Saenz, La Libertadora del Libertador.
Adris, rápida como Speedy Gonzales: “Por isso que eu digo, Manuelita Saenz!!!”

Claro que a confiança nos dados históricos ficou seriamente abalada, e então resolvemos parar de besteira e seguir para uma cerveja ao sol, que o dia estava lindo.
Uma bela pracinha, o Chorro de Quevedo, local da presumível fundação da cidade por Gonzalo Jimenéz de Quesada (não sei se ele era amigo do Padre Quevedo. Acho que eso non ecziste...), foi o local escolhido para abrir os trabalhos. Com o belo céu azul que nos brindava a Deusa, seria um pecado mortal nos sentarmos entre quatro paredes, então escolhemos uma das mesinhas simpaticamente colocadas do lado de fora do Café escolhido, e pedimos nossos respectivos sucos de cevada.
Para nossa surpresa, não se podia beber do lado de fora.

Mas nós estávamos na Colômbia, América do Sul, e não no Reino Certinho. Uma boa conversa com o mesero, e ele deu seu jeito.
As cervejas foram servidas em canecas de capuccino. Com direito a espuma.
Após alguns agradáveis cafés, voltamos à casa. Contávamos à senhora Gladys, mãe de nossa singular cicerone, as histórias vividas durante o dia, quando Adris subitamente se lembrou de perguntar:

- Mãe, quem foi a Libertadora do Libertador?
Señora Gladys, com toda a certeza do mundo: “Policarpa Salvarrieta!!!”

Jaqueline Costa
Estoy Aqui

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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