quinta-feira, 25 de junho de 2009

Piadas do Caribe

A Sequência que Johnny Depp não Filmou

De Bogotá embarcamos num dedicado teco-teco Avianca para então conhecer San Andres, uma pacata ilha no mar do Caribe que fica do ladinho da Nicarágua, mas pertence à Colômbia. Por que, ninguém sabe direito. Mas eu passei a ficar mais esperta depois que descobri isso – afinal, se os colombianos são capazes de roubar uma ilha inteira, o que não fazem com uma simples carteira???
San Andres é um daqueles pequenos paraísos perdidos que a gente procura em todas as gavetas e só acha na última. Águas cristalinas, música caribenha, povo sorridente e OPEN BAR. E mal aportamos, somos informadas sobre os principais produtos de exportação da ilha caribenha: côco, peixe e negrinhos! Então tá...
Além de produto-exportação, os menininhos de lá são serelepes (gíria da vovó. Não gostou? Incomodada ficava a sua) que só. Já de saída, um dos animadores do hotel, ao tomar ciência da presença de brasileiras entre os hóspedes, mais rápido que Speedy Gonzales começou uma campanha em causa própria para ter uma aula de samba di grátis. No mais representativo exemplo de 'não aceito não como resposta'. Tentando em vão me desvencilhar do tipo, falei 'amigo, não dá. Pra saber sambar tem que nascer no Brasil. O samba tá no sangue...'
Ao que o gaiato disparou: 'então me mostra a circulação...'

Claro que a interatividade nos seguia pela rua. Caminhando em direção à praia, as três distraidamente conversando, e mais um aborígene manda a sua:

- Mira que 3 bellas. Santa Maria, Pinta e Nina!

Como não havia ficado claro quem era quem, Adris saiu com sua interpretação

- Nina soy yo, porque soy la más pequeña. Pinta es Ivy, porque es toda pintadita. Y Santa Maria es Jacky, que de santa no tiene nada!!!!

Diante de tão clara explicação, quem seria eu para contestar?

Resolvemos conhecer a ilha além das paredes do hotel. Um atípico guia, cria da terra, nos mostrava uma lagoa onde caimánes, uns simpaticos primos dos jacarés, tranquilamente descansavam sob a água, só olhinhos e narinas aparecendo.
Também fomos levadas a uma árvore gigrande com um vão enorme no centro, onde se pode entrar e, olhando acima, ver o céu, já que a árvore perdeu sua copa quando foi atingida por um raio, e seu interior foi todo roído por cupins. Ou seja, uma árvore azarada pra caralho.
O guia, mais uma amostra da simpatia e surrealismo local, entre uma explicação e outra da flora e fauna lacustres, nos aponta na direção oposta à agua e manda:

- Por ali, ali naquele poste, ficam uns camaradas vendendo erva... Se vocês quiserem é só falar comigo. Eu vou lá e avalio o material, só aceito se for de primeira qualidade...

Depois dessa oferta tão ímpar, não tivemos nenhuma surpresa quando o filho do guia, um gordinho de 12 anos, nos contou que era rumbeiro e eventual apreciador duma cachaça, enquanto distraidamente atropelava uma árvore...
Fomos até a Cova do Morgan, pirata caribenho que morou na ilhota. Entre uma e outra informação impossível de guardar, vem o número de esposas que teve o bucaneiro: 80. Com uma rápida conta de filhos e netos que podem vir desse harém, já deu pra visualizar que em San Andres todo mundo deve ser primo um do outro.
Mas nada embaça a maravilha que é nadar em águas azulíssimas, que fazem qualquer um desconfiar que um cargueiro com milhões de litros de cloro afundou na região, entre peixes que de tão coloridos me levam a crer que o Cara estava brincando de aquarela quando criou o Caribe.
Já no último dia de San Andres, descansando os ossos nas espreguiçadeiras do deck do hotel, uma última guaribada no bronzeado antes de pegar as malas e voltar para a realidade, eis que um vento kamikaze derruba minha bermuda, que preguiçosamente jazia ao meu lado. E, com ela, a chave – que, obviamente, já que o Destino é sacana e amigo pessoal de Murph, caiu no vão entre as madeiras do deck, diretinho na água.
Para alegria de nossos cartões de crédito estourados, a água é MUITO transparente. Um pequeno mergulho estilo apnéia e recuperei a dita, senão teríamos que pagar extorsivos 50 dólares ao hotel!!!

Jaqueline Costa
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Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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