terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Conhecendo a Helvécia

A Convenção de Genebra Adverte: A Leitura Deste Diário Pode Causar Danos Irreversíveis à Capacidade de Manter-se Sério
Outro fim-de-semana se aproximava, e a pergunta era: pra onde vamos desta vez?
Apertim não é exatamente generosa em vôos diretos, e dado que só tínhamos dois dias e meio à disposição, lugares como Grécia ou Polinésia Francesa estavam descartados. Para minha profunda tristeza, tenho que dizer.
Com uma gama restrita de opções, e uma vez que as praias da Grande Bethânia deixam muito a desejar, resolvemos por um destino neutro.
Suíça.
Aliás, mais neutro, impossível.
E assim desembarcaram duas brasileiras perdidas em Genebra. Pra comer chocolate suíço, fazer fondue de queijo suíço, ver as horas num relógio suíço e tentar assaltar um banco suíço usando um canivete suíço.
A Suíça, pra quem não sabe, já pertenceu ao Império Romano, à França e à Alemanha. Não surpreende serem tão neutros - qualquer briga que queiram entrar sempre vão estar contra alguém da própria família. A impassibilidade deles é tão latente que até mesmo o Brasil, se um dia quiser brincar de WAR, invade fácil o país e destrói todo o exército vermelho.
Mas se alguém aí foi a Paris e achou que estava no primeiro mundo, o dia em que pisar em Genebra vai achar que está num OUTRO mundo. O mundo de Forbes. Um lugar em que tudo funciona e eles falam francês, mas não fazem cara de nojinho quando você tenta estabelecer um diálogo em inglês.
E finalmente eu encontrei uma cidade da Zoropa em que as pessoas ESCOVAM OS DENTES!
Genebra tem como paisagens naturais os Alpes ao redor da cidade, e o famoso (pelo menos é famoso pra mim) Lago Léman, que tem 75 quilômetros de extensão, e passa por outras trocentas cidades, incluindo Montreux e Nyon. Na capital Suíça ainda é brindado com a maior fonte da Europa, capaz de cuspir 500 mil litros de água por minuto a impressionantes 140 metros de altura.
Já na primeira caminhada à margem do lago, minha Paulixta e Personal Engraçadinha manda a sua:
- Ah não! Esse lago é limpo demais pra ser de verdade! TENHO CERTEZA QUE É ARTIFICIAL!
Considerando o estado dos nossos Rio Tietê e Baía da Guanabara, ver um local de água não renovável como um lago apresentar águas transparentes realmente impressiona. Mas ponderei com ela que HAJA CIMENTO pra fazer uma piscina desse tamanho!
Ela alegou um financiamento da ONU.
O tour pela cidade era obrigatório, e passamos por todas as organizações, instituições e reuniões de gatos-pingados que ostentam MUNDIAL em seu status.
Ir à Suíça e não comprar um relógio é como ir ao Rio e não ter ressaca de caipirinha. Mas como em cada esquina da cidade há uma relojoaria diferente, os preços também variavam bastante. Numa loja em que os números não pareciam tão assustadores, ela me pergunta:
- Será que esses relógios não são falsos?
Eu, com minha lógica reversa:
- Ah, não. Eles são suíços! Não posso acreditar que suíços falsifiquem relógios suíços!
Não muito depois, atravessaríamos uma rua que não tinha semáforo, apenas a faixa de pedestres pintada. Reza a lenda que nesses casos a preferência é dos passantes, e que basta tocar o asfalto com o pé para que os carros parem. Minha Paulixta, conhecedora das leis de trânsito, caminhou segura e resoluta sem sequer olhar para os lados. Quando se deu conta de que eu não estava ao seu lado, virou-se para trás me buscando. Pergunta ela:
- Ow! Você não vem?
Começo a atravessar, falando:
- Estava esperando o carro parar
- Tem a faixa, eles tem que parar
- É, mas vai que não para?
- Ah, MAS ELES SÃO SUÍÇOS!
Ela até tem razão... MAS VAI QUE TINHA ALI NO MEIO UM LATINO EM FÉRIAS???

Depois de tão agradável fim-de-semana, voltamos à realidade aberdinense de curso e trabalho. Já em casa, olhando as fotos e selecionando o que iria para a internet, ela olha a que tiramos junto ao tradicional Relógio de Flores e lança a dúvida:
- Vai saber se isso estava certo...
- Claro que sim! É UM RELÓGIO SUÍÇO...
Depois, escrevendo legendas para que nossos amigos soubessem por onde passamos, minha amiga mostra todo o seu desprezo pelo materialismo mundano. Ela me pergunta sobre a fonte, aquela, a maior da Europa:
- Jaque, qual é o nome daquele jorrinho d'água mesmo?
Definitivamente, esta figura não se impressiona com bobagens...

Jaqueline Costa
Tem uma conta num banco de sangue suíço

domingo, 10 de janeiro de 2010

Edinburgh e a Maldição do Castelo

Como visitar várias vezes a mesma cidade sem nunca ir ao seu principal ponto turístico

De acordo com a programação feita na véspera, iríamos sair bem cedo naquele domingo. Seguir até Rosslyn e visitar a capela que serviu de cenário final para O Código Da Vinci, e, depois das fotos de praxe, procurar um lugar para fazer um piquenique. Depois, satisfeitos e bem alimentados, voltaríamos para Edinburgh, para uma passada no Hard Rock Cafe e visitar o Castelo de Edinburgh.
Como todo mundo sabe (quem não sabe é sinal de que não anda lendo as páginas do Diário), a Escócia é lotada de castelos. Pra onde se olha, há um castelo. E um cemitério, mas estes últimos eu não visito, não estou aí para ficar chiando I see dead people no ouvido da galera.
Alguns castelos não são mais que grandes casas de famílias ricas, e suas construções são nada mais que uma ode ao dinheiro sobrando. Outros, como o Castelo de Dunottar, foram importantes durante as guerras internas do Reino Juntim, e hoje suas ruínas servem para contar um pouco da história do local. Mas poucos nesta classe se encontram inteiros como o castelo da capital escocesa, e com todas as acomodações abertas à apreciação pública.
Bem, isso tudo eu apenas presumia. Nas duas vezes que havia estado na cidade, encontrei o castelo fechado, por motivos diferentes – na primeira vez, graças a uma apresentação que estava acontecendo em frente ao dito, e na segunda devido ao Military Tattoo Festival da cidade. Má sorte, fazer o que.
Saímos em dois carros – comigo viajavam El Maracucho e minha Paulixta preferida. No outro, uma família de amigos venezuelanos, e também Dago, o cachorro mais simpático da Escócia. A viagem foi super tranquila, apenas fazendo uma ou duas paradas para o cachorro esticar as pernas e pra gente fazer xixi no poste.
Depois de algumas entradas erradas graças a esta maravilha da tecnologia chamada GPS, sem a qual não poderíamos nos perder com tanta facilidade, finalmente subíamos o monte onde se encontra a capela. Confesso que olhava frequentemente para o lado, procurando o Tom Hanks. Vai que estavam filmando uma sequencia? Eu seria uma papagaia de pirata hollywoodiana!
Para minha desilusão, aparentemente Forrest Gump estava correndo em outras bandas. Enfim.
A capela, como toda igreja que se preza, estava em obras. Que ganharam um bom empurrão com essa propaganda bem-vinda feita, imagino que de graça, pelo Dan Brown. Não vejo motivos para que a igreja fosse visitada antes do livro e do filme. Agora, ela é chamariz de turistas. Que devem ficar um tanto frustrados (eu fiquei, pelo menos) quando não encontram a paisagem exatamente como aparece no filme. Mas as esculturas internas compensam.
Depois da visita e da obrigatória passagem pela lojinha de souvenirs (porque lembrancinha é pra quem não fala francês!), fomos procurar um lugar para o planejado piquenique. Confesso que planejar um piquenique na Escócia foi uma das atitudes mais otimistas que eu já tomei: afinal, era esperar ter pelo menos 2 horas sem chuva nas Highlândias o que não é exatamente comum, pode perguntar para qualquer McMoça do Tempo. Mas os planos tinha sido feitos e, caso uma chuva nos pegasse de sopetão, criaríamos um novo estilo de piquenique, o in-car. Mas nós fomos realmente sortudos e além de um dia bem agradável (não ensolarado, que aí já seria milagre), encontramos um belo espaço para relaxar, comer e dar boas risadas.
Dago, o super-cão, teve seu momento de glória, quando mostrou que seu dono é totalmente inapto a pegar a bolinha antes dele. BOLINHA DE TÊNIS, suas mentes sujas!
Já tendo feito a refeição, e a digestão em ritmo de moda de viola venezuelana, nos despedimos da família e seguimos, El Maracucho, Paulixta e eu, para Edimburgh. Como não era dia de apresentação alguma em frente ao castelo, nem época de Military Tattoo, estámos tranquilos. Assim, curtimos um chopp no Hard Rock, e um passeio pela cidade, que, diga-se de passagem, é bem interessante. Vale a pena a visita para qualquer brazuca que esteja perdido na terra dos McChatos.
Uma última parada para um café, já que calor interno ali a gente só consegue à base de bebida mesmo, e seguimos para o castelo.
Finalmente, eu disse a meus amigos, vou ver esse castelo por dentro. Já estava ficando frustrada de nunca conseguir entrar nele.
Carro estacionado, subinhos o morrinho para o castelo. Turistas passando por nós, e os gualdinhas na porta para manter a ordem e dar um ar de autoridade.
Qual não foi minha surpresa quando um dos puliça me párou. Não podia entrar!
O horário de visitas estava terminando....

Pra quem acha que foi burrice minha, antes de aceitar o singelo elogio tenho a dizer que era um domingo, antes das cinco da tarde, e no verão escocês, que faz as noites começarem apenas às dez, onze da noite. Praticamente TODAS as atrações aproveitam esse período de pseudo-calor e férias escolares para alargar o horário de visitas, e fazer uma graninha extra (que provavelmente compensa o numero reduzido de loucos que saem de casa durante o rigoroso inverno pra fazer turismo). Praticamente todas, mas não o Castelo de Edinburgh.

Jaqueline Costa
É brasileira e não desiste nunca, mas cogita abrir exceção pro Castelo de Edinburgh

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Whiskuse Me

Como Soltar uma Paulixta na Escócia

A proposta era ousada: curso intensivo de inglês para a Paulixta durante toda a semana, e pé na estrada de sexta a domingo. Além de minha amiga ter que lutar contra o sono e o cansaço, nós duas tivemos que acender 50 mil velas de 7 dias para São Juba & Lula, padroeiros da Armação Ilimitada, pedindo que eu não embarcasse durante o mês de Junho.
No primeiro dia de aula dela, eu, anfitriã inigualável, insuperável, irretocável e insuportável, a levei até o curso para que ela não se sentisse mais perdida que já estava – afinal, qualquer pessoa que se digne a ir pra Escócia pra estudar inglês não pode ser tomada como exemplo de bom senso. Fora que se faz parte do meu círculo torto de amizades, aí que nem sabe o significado da expressão!
Hora do almoço e eu, amiga sem par (nem ímpar), resolvi fazer um intervalo um pouquinho maior para comer com ela. Por pura bondade em meu coração, porque eu jamais faria isso apenas para matar trabalho. Magiiiiiina!
Perguntei como estava sendo o curso, e a surpresa: mal ela chegou, teve uma prova. Isso porque para a inscrição no curso, que foi feita via email, ela já havia feito um teste, que a colocou na classe intermediária. Mas enfim, a Paulixta entrou na turma e o teacher super simpático: bem vinda, senta a bunda e faz a prova.
Tá, não foi com essas palavras. Mas a idéia era essa.
Tranquila e calma como qualquer pessoa que se encontra totalmente na merda, minha amiga sentou e fez a prova. Entregou, esperou o resto da galera terminar. E assim a aula começou.
No fim da aula, o professor veio com outra novidade: ela estava transferida para a classe avançada. Segundo ele, se quando chegou chegando ela já tinha tido um aproveitamento entre o muito bom e o ótimo na prova, se ela seguisse na turma intermediária no final da outra semana já não teria mais nada pra aprender.
Pessoalmente acho que ele ficou com medo de que no final da 3ª semana ela estivesse dando aula no lugar do pobre.
Ou seja, num breve resumo, teacher TRUCO, Paulixta RETRUCO.
O primeiro fim-de-semana veio, e até então nosso trato com os santos das baladas estava sendo cumprido. Nenhum embarque se anunciava no horizonte, então partimos para as cidades escocesas.
Primeira parada, Stonehaven.
Meu nobre amigo Maracucho, da República Democrática de Maracaibo, região menor que o Vaticano que luta bravamente até a última arepa para se emancipar da Venezuela, nos acompanhou. Dispensamos o rádio na viagem, já que com ele por perto é impossível ouvir outra coisa que suas histórias hilárias.
E foi assim, chorando de rir, qiue chegamos ao castelo de Dunnotar. Lugar excelente para fotos, e o dia ensolarado ajudava. Entre uma pose e outra, os momentos culturais, lendo nas placas afixadas nas pedras o que exatamente era cada espaço – cozinha, quartos principais, o local em que os grãos eram estocados, o forno em pedra para assar pão...
Subindo mais um andar no castelo, um curioso barril pintado de preto encostado na parede. Paulixta pergunta o que seria, e o Maracucho, com sua lógica própria, diz que deveria ser outro forno antigo. Eu, que estava um pouco afastada fotografando a dupla, comento que me parecia estranho, já que o castelo é de antes de 700dC e o barril não se via tão antigo.
El Maracucho se aproxima pra investigar. E num acesso fala (numa tradução livre): PUTA QUE PARIU, ESSA MERDA TEM ATÉ CÓDIGO DE BARRAS!
O dia seguinte seria mais longo. Uma visita à Capela Rosslyn, e depois a capital escocesa, Edinburgh.
Não, eu não estava pagando meus pecados nem fazendo novena. Eu sei que falando assim, Rosslyn não diz nada a ninguém. E não dizia mesmo. Mas aí um tal Dan Brown resolveu ambientar o último capítulo de seu livro ali, e por casualidade o livro virou best seller...
Jaqueline Costa
Parece que Não Reza

2010 começou....

2010 chegou, e logo veio uma segunda-feira. A primeira é sempre mais difícil. Agora deixa Janeiro entrar (MQD), este que é sabidamente também o mês mais complicado do ano - mais contas pra pagar pq o ano tá começando, e mais quilos pra perder pq todo mundo mete o pé na jaca nas Boas e Caloríficas Festas.
Mas não vamos desanimar! Heads up! Somos brasileiros, não desistimos nunca, e se até Botafogo conseguiu escapar da segundona, a gente também consegue! E da terçona, da quartona, da quintona e da sextinha, q essa dura só meio-expediente e é as boas-vindas ao SÁBADO!

E só pra não perder o post, vamos à notícia do dia:

Francês é um povo que nunca está contente. Qdo era monarquia, quis anarquia. Qdo virou anarquia, quis democracia. Qdo chegou a democracia, virou imperialista. Qdo a Torre Eiffel foi erigida quiseram destruir, qdo o governo resolveu desmontar mandaram deixar onde estava. E enquanto o mundo inteiro engorda qdo come carboidratos, esses filhos da puta se entopem de pão e croissant, e são magros feito varapaus!

Agora, só pra seguirem na linha, resolveram protestar contra a virada do ano!!!


E depois EU Q SOU MALUCA

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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