sábado, 3 de abril de 2010

BereNice

Duas Brazucas na Riviera

Não por escolha minha, a estadia da Paulixta em minha casa chegava ao fim. Para findar em grande estilo, e já que ambas somos loucas por água, praticamente seres marinhos (quem falar baleia estará automaticamente cortado do diário e adicionado à Lista Negra da Jackie), procuramos uma praia para passar o último fim-de-semana.
Não tínhamos muitas opções – ela tinha o vôo de volta para casa saindo de Paris, e se tentássemos algum roteiro mais ousado, perigava passarmos mais tempo nos aeroportos que tostando ao sol europeu. Então nos acenava simpaticamente a Riviera Francesa. Como eu já conhecia Marselhe – desculpem se minha personalidade globalizada lhes agride – optamos por Nice. Malas prontas, biquinis a postos, seguimos então para nosso encontro com o Astro-Rei e realizar um upgrade em nossos bronzeados.
Escala em Paris, como sempre. Uma escala um tanto apertada, mas não seria nada de mais. Não seria, se a fiscal do aeroporto tivesse ido com a minha cara. O que não foi o caso. Não sei se meu semblante a la talibã deixou a moça encucada, mas o fato é que ela resolveu tirar tudo da minha pequena maleta de mão, única bagagem que eu carregava. E por tudo eu quero dizer TUDO MESMO. Quase ofereci a ela uma chave de fendas pra desaparafusar as rodinhas....
Como eu disse, a escala era apertada. Ou seja que quando a moça se convenceu que eu não era uma mulher-bomba, ou pelo menos não no sentido literal da expressão, nós estávamos atrasadas. Enfiei as roupas do jeito que pude de volta na mala e saímos correndo para o portão de embarque. Ainda me pergunto se na pressa não deixei alguma lingerie de recordação pra fiscal. Felizmente para a saúde dela, nós conseguimos pegar o vôo e seguimos para nosso verdadeiro destino.
Agora, quem acompanha este diário desde os primórdios sabe que eu sou perseguida pela Maldição de Montezuma das viagens de avião, e que não é novidade para mim quando uma companhia aérea perde minhas malas. Mas por uma graça qualquer do Destino, todas as viagens feitas com a Paulixta foram incólumes, sem nenhuma ocorrência do tipo. Ela, claro, atribuiu tal fato à sua Sagrada Presença. Eu não contestei, afinal para que gerar outra rixa Rio-SP? Nös já temos as praias, a fama, o samba... acho justo que eles tenham sorte em despachar as malas.
Bem, chegamos a Nice. Embora minha bagagem se resumisse à pequena e naquele momento zoneada maleta de mão, a Paulixta tinha toda as malas que havia trazido para a Europa, turbinadas com as comprinhas feitas nas viagens. Fomos então para a esteira coletar suas coisas.
Que não chegaram....
E agora, um minuto de silêncio para apreciar a beleza que mora na ironia do Destino.
Já versada no assunto, segui com ela para o escritório da Air France. Descrevemos a bagagem perdida, deixamos o endereço do hotel que ficaríamos, pulamos num táxi e seguimos para o tal, afinal estávamos bastante cansadas e a fome era tanta que meu estômago pensava em abolir o vegetarianismo e comer um pedaço do meu fígado.
Deixamos no hotel minha solitária maleta e saímos em busca de um local para jantar. Escolhemos um restaurantezinho à beira do pier, e ali nos sentamos, vendo o movimento local. Eis que de repente minha Paulixta Preferida me olha e pergunta:
- Ainda estamos no reveillon??
Pois é... por algum motivo obscuro, ou obsclaro, 90% das pessoas estavam vestindo branco. Camisas, calças, sapatos, sandálias... pra tirar a dúvida sobre a data, esperamos até meia-noite pela queima de fogos.
O dia seguinte era de praia, claro. E bem aproveitado, eu diria. A paisagem era extremamente agradável, e a cerveja estava gelada. Nice é mais uma das cidades que justificam meu apelido de Excrota dado singelamente por meus amigos, baseado em fatos reais e lugares visitados....
Para dar mais munição aos meus diletos, resolvemos que aquela noite, assim, só de bobeira, iríamos jantar em Mônaco. Essa vidinha é muito chata mesmo.
Ir a Mônaco é o mesmo que entrar numa revista tipo Ricos e Famosos em 3D. Se você tem dinheiro apenas para comprar um Mercedes, não tente morar em Mônaco, você vai se sentir muito humilhado. Se a sua idéia de iate foi forjada em suas viagens a Angra dos Reis, não vá a Mônaco tampouco, poderia ter um infarto.
Encontramos um agradável restaurante com uma vista incrível do castelo, pier e ainda uma parte do circuito de Monte Carlo. Ali nos sentamos e, depois de babar mais um pouco com a paisagem, pedimos nossas tradicionais taças de vinho e começamos a falar sobre a cidade. Eu havia dito, logo que chegamos, que não sabia do que vivia Mônaco. Só a fórmula 1 e do tour de France, não sustentaria tanta coisa...
Entre uma taça e outra, a Paulixta manda:
- Você tem razão, Mônaco vive DO QUÊ? Não tem um reloginho, um jorro d’água, uma antena de rádio...
- É... só aquela cabaninha ali no mato onde se esconde a Stephannie...

A viagem infelizmente estava em seu final. Já fechando suas malas, a última dúvida de minha Amiga era com relação ao casaco pesado que ela tinha, já prevendo o frio que a esperava em sua volta ao Chile. Sem saber se o guardava ou não, ela me pergunta, inocente:
- E aí? Deixo o grosso na mão pra levar duma vez???
Só digo uma coisa.... não digo nada!!!
Jaqueline Costa
Vai colocar o diário em dia ... só não sabe que dia!

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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