domingo, 13 de junho de 2010

Mama África

Meu Primeiro Contato Africano

Quem tem acompanhado direitinho estas aventuras, lembra que na página 42 eu fiz um salto espaço-tempo e contei que já não trabalho mais na Escócia. Deixei de lado as buscas infrutíferas pelo monstro do lago e optei por safáris reais e muito mais radicais.
Meu primeiro trabalho no continente africano foi em Moçambique.
A capital de Moçambique, pra quem não sabe, é Maputo. Daria milhões de piadas se eu tivesse sequer passado por lá.
Não, meu destino era mais, digamos, selvagem. Era tão no meio do nada que GPS não funcionava.
O que não chega a ser uma diferença grande na minha vida, já que eu sempre fui uma perdida.
O legal da minha estadia em Moçambique foi a interação com os locais – tendo um idioma de vantagem sobre os gringos, eu pude ouvir as histórias mais engraçadas da viagem.

Cheguei a Moçambique por um aeroporto alternativo. Era tão alternativo que não me impressionaria se o fiscal vendesse maconha. Depois das formalidades alfandegárias – que se resumem a pagar 20 dólares pra ter um visto – entramos na van que nos levaria floresta adentro até o campo em que iríamos trabalhar.
Vocês não leram errado nem eu exagerei na última frase.
A van era dirigida por Maurício. Um dos sujeitos mais engraçados que já conheci.
Nas duas horas que separavam o campo do aeroporto, Maurício me contou uma boa parte da sua vida. Entre outras histórias, me revela Maurício que tem 18 irmãos!
Novamente, meus caros: vocês não leram errado nem eu exagerei na última frase.
Quando boquiabertíssima perguntei “como”, ele me disse que seu pai era muito romântico... até tinha uma fita do Roberto Carlos!
Ah, assim sim, tá explicado...
Maurício também se dizia um homem muito romântico. E que um dia teve uma namorada italiana linda que apareceu em Moçambique. Segundo ele, a ragazza ficou tão apaixonada que queria levá-lo com ela pra Itália de qualquer modo. E ele só nao foi porque teve medo do ex-namorado italiano dela, que era feiticeiro.
Eu não quis ofender meu amigo dando uma sonora gargalhada.

Minha estadia em Moçambique teve seus percalços. Um calor da porra por lá, e eu estava no meio da roça - se é que em Moçambique existe alguma coisa que não seja roça. Enfim. A poeira grudava que era um espetáculo, me obrigando a lavar a cabeça todos os dias. Obviamente, não havia trago comigo o estoque de shampoo e condicionador necessário a estas condições climáticas.
Fui até o povoado que eles chamam de cidade para comprar artigos de 1a necessidade - um par de havaianas, sabonete.... condicionador?
Claro que não há aqui, sendo o AQUI do tamanho da África, o condicionador q eu uso. Mas eu precisava de ALGUMA coisa. A simpática dona da vendinha me mostrou um lá qualquer. Ok, beleza, era pra cabelos normais. Embora pela minha mente tenha passado a pergunta 'normal pra quem?', fiz que iria levar.
Aí a moça, super solícita, fala “esse é muito bom”.
Eu: “ok, vou levar”.
Ela continuou: “é muito bom sim. EU USO ESSE”.
Aí eu olhei bem pro cabelo dela........... e eu pergunto, nessas horas, você faz o quê? DEVOLVE?

No acampamento em que eu estava havia um quadriciclo. Depois de alguns dias de trabalho, tendo feito amizade com o bigboss do acampamento, já podia usar o quad pra dar uma volta pelo mato e procurar algum bicho para fotografar. Qualquer coisa serviria, mas depois de dias andando pelas mais diferentes trilhas, os únicos bichos que se aproximaram foram os mosquitos. Cheguei à conclusão de que meu repelente devia ser pra bicho grande...

Aliás, meu spray anti-insetos definitivamente não estava funcionando. As moscas até pareciam ficar mais alegrinhas quando tomavam uma jateada do tal veneno. Resolvi apelar. Usei WB-40.
Recomendo fortemente.

Jaqueline Costa
Hakuna Matata

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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