terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tubarãããããããããããããão!

Reproduza Aqui Sua Própria Versão da Musiquinha do Filme

Depois de algumas semanas no meio do nada moçambicano, o povo ficou com pena e me deu alguns dias de descanso em Cape Town, África do Sul.
Mentira. Só me mandaram pra lá porque um dos trabalhos atrasou. Mas a razão era o que menos importava. Importante mesmo é que eu estava em Cape Town!
Logo de cara me apaixonei pela cidade. E o amor foi mútuo, Cape Town me recebeu com um lindo dia azul, sol na medida certa, e o mar de fazer inveja a Arraial do Cabo e adjacências!
A cidade que abriga o Cabo da Boa Esperança é tudo que um carioca sempre quis – praias lindas, montanhas, belas paisagens, cerveja gelada, pessoas simpáticas, turismo de aventura e auto-estradas planejadas de acordo com as do Rio de Janeiro. Faltou só o Romário jogando futvolei pra eu começar a falar em carioquês com os capetownianos.
Eu não sabia exatamente quantos dias teria na cidade, já que a qualquer momento eles poderiam me mandar de volta pra Moçambique pra terminar o trabalho. Assim já no primeiro fim-de-semana marquei um tour pela cidade no sábado, e um mergulho no domingo. Não um mergulho qualquer...
Sábado bem cedo o guia veio me buscar no hotel. Começamos com algo light, o centro da cidade, porto, o estádio construído para a Copa. Depois uma visita a uma reserva de... pinguins!
Sim, há pinguins na África. Lembrei imediatamente dos ‘Pinguins de Madagascar”. Kowalski!
A visita ao Cabo da Boa Esperança é de lei. O ‘Ponto mais Sudoeste da África”. Tá lá escrito!
Visitar o Cabo da Boa Esperança é lembrar das aulas de história do primeiro grau, quando fazia muito mais sentido chamar aquilo de Cabo das Tormentas, porque era isso que acontecia no nosso cérebro quando tentávamos manter tantas datas e nomes na mente.
E pra quem um dia já se perguntou, Cape Town está a seis mil e cinquenta e cinco quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. Se você nunca se fez essa pergunta o problema é seu, a resposta já está aí.
Espero que seja útil naquelas sexta-feiras sem ter o que fazer quando alguém saca de debaixo da cama o jogo Master. Já que o “Jogo do Milhão” o Sílvio desistiu de fazer.
Mas o sábado foi assim, tranquilo e terminando na praia, como deveria ser. Nada muito cansativo, já que para o domingo eu sairia às quatro da manhã para o passeio principal do fim-de-semana.
Quem é a tarada que sai de casa às quatro da manhã para passear, vocês se perguntam... bem, Jaqueline Tarada, muito prazer!
Meu destino estava a mais ou menos 3 horas de distância em carro de Cape Town. Uma pequena cidadezinha chamada Klenbaai, conhecida como a Capital dos Tubarões Brancos!
Agora um breve resumo sobre estes adoráveis animais: conhecido como o grande caçador dos mares, o tubarão branco já nasce com, em média, dois metros e meio, e pode atingir até sete metros quando adulto! Uma perfeição em termos de aerodinâmica, sua pele já foi usada como inspiração para maiôs high tech de nadadores profissionais, diminuindo o atrito com a água e aumentando a chance de quebrar um record. E são tão selvagens que até hoje não foi possível expô-los em aquários – em todas as tentativas o animal morreu ou foi solto para que não morresse.
Ou seja: vocês podem correr o mundo olhando lindos painéis vítreos e conhecer milhares de espécimes marítimos, mas pra ver o branquinho, tem quer fazer que nem eu: ao vivo, a cores e sem pipoca!
Após uma breve explicação de como seria o passeio, recebo dos guias um contrato para assinar. Assim, só de onda, resolvi dar uma lida. O contrato regia os termos do passeio, valores, e um termo de responsabilidade, que dizia mais ou menos Eu, Jaqueline Costa, sou louca o suficiente pra mergulhar com tubarões brancos mesmo sabendo que esse bicho adora um pedacinho de carne viva e, caso eu perca um braço, uma perna ou a vida, não vou ficar magoada com meus guias.
Assinei o tal contrato, peguei minha jaqueta e salva-vidas, e pulei no barco!
Foram mais ou menos 30 minutos navegando até o ponto em que iríamos lançar a isca. Mais uma vez, a sorte estava ao meu lado, e a visibilidade da água era perfeita: era possível ver o fundo do mar, a 10 metros, de dentro do barco.
A idéia é simples e maravilhosa: uma gaiola de metal presa ao barco por um cabo, onde ficamos. A gaiola tem mais ou menos uns três metros de altura, e, destes, trinta centímetros ficam acima d’água, permitindo-nos respirar, e mergulhar estilo apnéia. Os marujos atraem os tubarões jogando no mar sangue de peixe, e com uma cabeça de atum presa a uma corda eles tentam fazer com que os delicados peixinhos se aproximem da gaiola.
Claro que uma pessoa mais atenta iria olhar para a gaiola e pensar: se houver um problema com o cabo e a gaiola cair no mar, ela irá direto para o fundo. As pessoas ali dentro não usam cilindro de ar, o que significa que se tiverem bom fôlego, vão aguentar no máximo uns três minutos. E com o mar infestado de tubarões excitados pelo sangue na água e a cabeça pululante de atum, ninguém se atreveria a mergulhar pra ajudar.
Uma pessoa mais atenta. Eu não. Eu estava ocupada procurando tubarões!
Não demorou muito até o primeiro filhotinho aparecer. Um filhotinho de 3 metros. Seguido por outro e outro e outro – o primeiro acabou sendo o menor que avistamos naquele dia.
Vocês querem saber se eu tive coragem de entrar na gaiola? Crianças, complicado foi me convencer a sair dela!
Mas infelizmente a brincadeira chegara ao fim – depois de animadíssimas 4 horas fotografando extasiada esses bichinhos, ouvi o capitão avisar que era hora de voltar para terra.

Voltar para terra com muitas fotos e mais uma página para o Diário.

Jaqueline Costa
Ainda Tem Muita História Pra Contar

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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