O Diário Tarda mas não Falha
Para que não fiquem com raiva de mim, não coloquem meu santo nome em vão na boca do sapo que não lava o pé porque não quer, não me inscrevam no Big Brother nem me convidem pra tomar cerveja quente, já vou avisando: não demorei pra escrever por estar bundeando (derrièrian) em Paris. Não por falta de vontade ou motivação, mas porque o instrutor do curso não pode ver ninguém feliz, e não dá uma folga.
Só que eu sou brasileira e não desisto nunca. Com meia dúzia de gatos latinos e árabes pingados saí no sábado à cata de um lugar pra beber, dançar e rir. Não necessariamente nesta mesma ordem.
Saímos de Val d’Europe, destino Saint-Germain. Umas punhentas estações entre um ponto e outro. Já estávamos no trem havia uns 15 minutos quando perguntei ao peruano da ocasião:
- Roberto, cual estación estamos?
Ele, rápido como Speedy Gonzales:
- Sortie!
A noite prometia.
Boate escolhida, mãos (ou pernas, como queiram) à obra. Até que as baladas parisienses são boas, sobretudo se compararmos com o som bate-estaca de Aberdeen. Músicas variadas, de techno a salsa, passando por pop e – direto do túnel do tempo – lambada! Nem precisa de muito álcool no sangue pra se divertir – mas, pra quem faz questão de manter seus níveis em equilíbrio constante, aconselho a Amsterdã, cerveja que pode ser encontrada em 3 versões: basiquinha com 6% de álcool, pra bombar com 8.4%, e tô bêbado não, seu guarda, com 11%.
Não tentem falar inglês aqui. Na porta duma danceteria latina, o segurança, um negão 2 x 2 m2, quase me esfola só com o olhar de desprezo. Rabo entre as pernas, saída pela direita, leão da montanha!
Também não tentem comer o pãozinho francês. Pela dureza e consistência, só posso crer que ele é importado do Brasil em cestas de vime, transportado em canoas feitas sei lá com quantos paus, e demora 3 meses, 13 dias e 18 horas pra chegar aqui.
Mas guarde um no bolso, pra tacar na cabeça do negão mal-humorado.
Agora um pouquinho de inveja a vocês, totalmente de graça, uma cortesia Jackie Pé Na Estrada: Notre Damme é um desbunde (des-derrière). Do que eu consegui ver aqui, é o ponto mais uh-la-lá – ganha da Eiffel, do Louvre, dos Arcos do Triunfo, e até da minha sala de aula (que não concorre em qualidade, mas em quantidade de visitas).
Aliás, álbum novo na net. Ainda não deu pra colocar legendinhas bonitnhas e engraçadinhas, mas já dá pra estragar o teclado com a babação:
http://www.kodakgallery.com/I.jsp?c=71aylqpj.9m0b0qlj&x=0&y=grqnbf
Pra finalizar, uma historinha pra mostrar que eu viajo, viajo, viajo, mas continuo fazendo amigos loucos. A venezuelana que compõe o Conselho da ONU reunido para destruir o ar blasé dos franceses tentava explicar alguma coisa durante o almoço. O assunto envolvia galinha, e como ela não sabia a palavra em inglês pra isto (hen), mandou um chicken woman.
Perguntei se era uma nova super-heroína.
Jaqueline Costa
Para citar este diário:
TEQUILA, Jackie. As Páginas do Diário. Ed. A Rocha. Planeta Terra, 2008
Sem esquecer de depositar 10 euros/palavra em minha conta bancária