Histórias de uma brasileira perdida na Whiscócia
O frio aqui ainda está suportável. Na verdade, está um frio estilo “Putaquepariu!”. Mas, pelo que li no boletim meteorológico, lá pelo Ano Novo estará na base do “Pu-ta-que-o-pa-riu!”, assim, separando as sílabas por entre dentes.
Se chegar no nível de soletrar, acrescentando um “ccccccaaaaaraaaaalhooooooooo”, eu volto pro Brasil.
Sábado foi dia de visitar a paróquia. É, crianças, aqui em Aberdeen é fácil se tornar uma pessoa carola. Sobretudo pelo fato de que o bar mais cool do pedaço funciona dentro de uma Igreja! Inacreditável!
O altar é o lugar do DJ, um mané escocês que não tem uma música latina dentro da manga.
Europeus na night são um espetáculo à parte. 99% não dançam, o único movimento é o do levantamento do whisky. Os 1% restantes (basicamente os que encheram a cara o suficiente para perderem o bom-senso) se divertem subindo no balcão, ou mostrando a bunda branca – coisas que não são muito bem aceitas pelos seguranças, armários triplex que surgem das sombras e carregam os bebuns sei lá pra onde.
A comida também é um destaque. Não há modo de beber um suco de laranja decente – então eu não bebo suco de laranja aqui. E eles fazem uma espécie de salada de maionese em que, no lugar das batatas, colocam repolho picado. Não creio que seja muito bom para a vida social, mas, enfim...
Também se amarram em baked beans: feijão (branco) cozido com molho de tomate. Comem de manhã, de tarde e à noite.
Levando em conta também a salada de repolhos, já se pode dizer que a Escócia é auto-suficente na produção de gás natural. Ecológicos estes caledônios.
A sueca peituda vai bem. Mas está começando a me olhar meio estranho por me ver tomar banho duas vezes por dia. Deve pensar que tenho doença de pele.
Ou que não existe água encanada no Brasil, e isso pra mim é uma novidade.
Há alguns dias vi a cena mais bonitinha até agora de Aberdeen: sete e pouca da manhã (ou seja, ruas completamente escuras) e um cachorrinho saiu de uma casa, apanhou o jornal na calçada, e levou-o para o dono.
Fiquei lembrando da minha pequena Mayla, pensando em treiná-la para apanhar o jornal. Mas aí lembrei como a danada é friorenta. Num dia como os últimos, com o termômetro fazendo força pra alcançar 1oC, eu estou certa que ela vai olhar-me seriamente nos olhos e passar a mensagem subliminar: telejornal, telejornal, telejornal...
E está lançado o desafio: o primeiro que vier me visitar, trazendo um conjunto de manicure e uma caixa de mate, ganha uma garrafa de Jack Daniels!
Jaqueline Costa
Ho Ho Ho!
E uma garrafa de rum
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