Algumas histórias da França eu não tive tempo de contar, e já aconteceram outras tantas aqui na Escócia. Como organização não é o meu forte, vai vir tudo misturado nesta página.
Primeiro, uma palhinha sobre a culinária francesa, tão famosa no mundo e para a qual eu literalmente andei. Andei e andei. Fois gras, faisão, escargot... não me dizem absolutamente nada. Aliás, mesmo antes do vegetarianismo esses negócios já não tinham uma boa oratória comigo.
Mas o curso era multi-cultural, polissaturado, e eis que uns dos alunos, um dia depois de ter comigo vinte e oito – VI-NTE-E-OI-TO – escargots, comentava comigo a façanha. E disse “você tem que provar”. Diante da minha expressão de “não, obrigada. Estou sem muita fome e com muito nojo”, ele emenda: “ei, é bom. Não tem gosto de lesma!”.
Imediatamente falei: “de onde eu só posso concluir que: 1 – tem gosto de frango, este genérico da Natureza; e 2 – você se amarra em comer lesma”.
Barrio Latino, a despedida da noite parisiense. No Brasil, como vocês sabem, fim de festa é sinônimo de forró, Legião Urbana ou Kid Abelha cantando “fazer amor de madrugada”. Quando o DJ coloca algo assim pra tocar, você já automaticamente se vira para o caixa, vai pagar sua conta e tentar descobrir o caminho da sua casa, porque é sinal de que a boate vai fechar.
Em Paris, a “deixa” é sempre uma música lenta, daquelas anos 80s. Algo bem Love Story, coisas do tipo. No Barrio Latino, foi Dirty Dancing, aquele negócio de boy now I had the time of my life... e por aí. Um dos árabes do grupo me puxou e ensaiávamos alguma coisa que passava loooooooooooonge de Patrick Swayze e sua partner, mas não estávamos pagando nada mesmo (além do mico). Um outro casal, à parte de nosso grupo, se empolgou e também começou a dançar.
Finalzinho clássico, o árabe me jogou pra trás e puxou de volta, lindo, um espetáculo. A outra dupla resolveu fazer o mesmo. Infelizmente para a moça, o rapaz, seja pelo álcool, ou porque não é engenheiro, não tinha um cálculo de espaço tão bom quanto meu amigo. E foi assim que ele puxou sua namorada/parceira/amiga/peguéti com toda a pressão, nariz de encontro ao meu cotovelo.
Pra ter uma idéia, MEU COTOVELO DOEU.
E o cara ficou uma vida me pedindo desculpas, enquanto a pobre coitada a quem eu inadvertidamente quase nocauteei segurava o nariz tentando rearrumar o próprio cérebro.
Voltando a Aberdeen.
Eu sei que esta revelação vai chocar a muitos, mas eu não posso guardar a Verdade só pra mim.
Deus não caminha sobre a Terra.
Ele dirige um Focus.
Eu estava pedalando pela noite aberdineense, próxima do acostamento, num pedaço que não tinha absolutamente nenhuma calçada. Só rua e muro, muro e rua. E rua escura, afinal é Aberdeen. E pedalava eu tranqüila, a rua deserta... quando de repente, não mais que de repente, um Focus do nada surge atrás de mim e acende os faróis!
Justo no momento em que uma calçada de paralelepípedos gigantes nasceu na minha frente!
Ou seja, eu estava pra meter minha cara num tijolão, uma performance de saltos ornamentais com bicicleta digna das Olimpíadas de Beijing. Deus achou que não dava tempo de mandar recado, pegou o carro e veio correndo me avisar.
E tem gente que acha que o Cara é injusto!
Jaqueline Costa
Born to party, forced to work
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