sexta-feira, 11 de março de 2011

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei e bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada...

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Sou daquela época em que o povo ainda estudava Literatura. Lia livros, decorava poesias - e, mais que isso, estudava o contexto em que as obras foram escritas.
Era uma boa época, em que Manuel Bandeira não era um nome estranho aos ouvidos de ninguém (hoje o povo nem sabe quem foi Napoleão... enfim).
Manuel Bandeira tinha tuberculose, e isso lhe tolhia de muitas coisas. E não podendo se arriscar em atividades tão corriqueiras para seus amigos, ele se tornou um observador da vida.
Uma vida que ele desejava, mas que só vivia em seus sonhos.
Seus sonhos, sua Pasárgada.
Lá onde tudo é possível.

Realidades alternativas. Versões melhores dos próprios dias.... quem não tem, levante a mão!

2 comentários:

Carmen disse...

Engraçado, tô lendo O Livro da Bruxa que fala exatamente sobre isso...a visão alternativa da vida.Depois baixa ele e dá sua opinião; ele é fininho, tem umas 90 páginas só, e com letras grandes!

Jackie, Jaque, Jaquinha disse...

Dica anotada!

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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