segunda-feira, 9 de março de 2009

Alpes e Alpinos

Passando Frio em Grande Estilo

Eis que o último fim-de-semana de Janeiro se anunciava e, com ele, a desculpa perfeita para viajar: era aniversário da minha amiga meio-francesa meio-americana, totalmente non-sense e polaca por maioria de votos, Stephie.
Inicialmente pensamos em buscar alguma praia para expor nossas figuras na Medina, mas uma rápida olhada no Weather Channel águou nossos planos: chuva em todas as areias européias. Nossa lógica torta nos levou à decisão de ir então a algum centro de esqui – afinal, se é pra passar frio, que seja estilosamente.
E foi assim que os Alpes Franceses foram agraciados com a presença de uma brazuca perdida, uma americana porraloca e um italiano além de qualquer definição simplista.

A um dia de viajar ela nos envia o destino: Bourg Saint-Maurice. Desconfiei seriamente que o lugar não existisse, já que, até onde sei, Maurício nunca foi santo. Mas como eu sou uma eterna criança, e eles também, fizemos nossas respectivas malas e rumamos para a Terra do Nunca.
Don Peppe havia me dado carta branca para comprar sua passagem, e nós acertaríamos depois as dívidas. No Duty Free do aeroporto de Apértim, os olhos do siciliano rapidamente foram capturados pelas garrafas de whisky em exposição, e ele resolveu comprar um presentinho a mais para Stephie.
Ainda na fila para pagar suas compras, eu perguntei se ele poderia dar uma olhada na minha mala enquanto eu iria ao banheiro. Quando saí do pipi-room vi meu carcamano favorito confortavelmente sentado na cafeteria, e me juntei a ele. Ele então comentou do estranho tratamento que recebeu da moça do caixa no Duty Free, que não só sorriu pra ele (fato inédito com os atendentes aqui), como também desejou a ele boa viagem e bom divertimento. Pepito estava totalmente estupefacto.
Eu imediatamente saquei qual era o caso: “Peppe! Ela pensa que você está pagando tudo pra mim! Caraca, que coisa ridícula! No mínimo ela acha que pode conseguir um fim-de-semana na França também!!!”
Logo depois me lembrei que ele não tinha ainda nem me devolvido o dinheiro da passagem dele...
“Pior! Não só você não me pagou nada, como EU QUE PAGUEI SUA PASSAGEM! Volta lá AGORA e fala que você é meu michê!!!”
Don Peppe achou a história muito divertida. Passou o fim-de-semana se dizendo personal gigolô.

Na chegada ao hotel, nossa primeira missão impossível: embora Stephie houvesse nos dito por email para levar roupa de banho, já que o hotel possuía piscina e jaque-zzi, Don Peppe não levou nem um short sequer, porque em sua mente mafiosa, qualquer resort ligado a atividades desportivas deve também vender roupa de banho – e fomos nós, malas devidamente deixadas no hotel, andar de loja em loja perguntando por sunga. Considerando que TODAS as lojas eram de equipamentos de esqui e snowboarding, vocês podem imaginar o sentimento de estranheza que causamos. Um dos atendentes nos olhou tão desconfiado que quase estendi a mão em sinal de paz e falei: “Leve-me ao seu líder!”
Obviamente, não encontramos nenhuma sunga.

Começamos então a explorar a montanha em que estávamos. “Explorar”, é claro, não pode ser tomado no correto sentido do termo. Na verdade a gente subiu o morro empurrando e enterrando uns aos outros na neve, além da clássica guerra de bolas de neve e um originalíssimo concurso de mergulho.
Há rumores de que a noite foi especialmente fria. Não sabemos. Como um dos presentes que Don Peppe comprou pra Stephie foi uma garrafa de Jack Daniels, nós estávamos devidamente anestesiados e enfrentamos bravamente o inverno francês.

No dia seguinte, como minha insanidade me fazia crer que eu ainda não tinha levado tombos suficientes naquela superfície gelada, convenci a americana a fazer comigo uma aula de snowboarding. O italiano foi nosso cameraman já que, segundo o próprio, ele é fisicamente incapaz de se manter em pé numa prancha.
Devo dizer que me apaixonei pela brincadeira – sobretudo porque todos os meus tombos foram de bunda, ou seja, nenhum problema para meu já sofrido joelhinho. Mas o dia terminava, e nós teríamos que voltar para as respectivas realidades labutantes. Trem de regreso, e meus dois comparsas resolveram me ensinar as artes do poker. Regado a whisky.
Chegar em Aberdeen foi complicaaaaado.

Jaqueline Costa
Jura que vai colocar o diário realmente em dia

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Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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