quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Le Long des Longs Camions Sauvages

Le monde est mon camion sauvage

E eu estava de volta à capital da luz, do queijo, da baguete, do vinho, da moda, de Alain Delon, de Camille Claudel, de Chanel e do inglês mal-humorado! Hoje praticamente minha segunda casa, enquanto eu ainda procuro as chaves da primeira. E o endereço, estou certa de que anotei em algum lugar...
O bom dos cursos na França é que eu não fico limitada à minha classe. Posso vagar pelas outras, onde sempre tenho amigos, seja entre os alunos, seja o instrutor.
Ou seja, festa no corredor é básico.
Desta vez, meu amigo e personal Capo Don Peppe estava lá, como instrutor. Garantia de risadas a toda hora do dia e da noite.
Também uma turma de brazucas e um grupo de latinos genéricos. A segunda fase do curso prometia.
Foi com um prazer adicto que descobrimos que haviam instalado uma nova máquina de café expresso no segundo piso, com um café realmente bom. O ponto foi automaticamente elevado à categoria de posto avançado dos marginais de plantão.
Foi exatamente quando estava me dirigindo para mais um refil de cafeína venal que ouvi meu santo nome ser chamado. Não em vão. Don Peppe estava entre uns cucarachos mexicanos e solicitava minha presença na rodinha.
Sem duplo sentido.
Atendi ao chamado de meu mafioso preferido, para ouvir sua indignação com a afirmação dos chicanos, segundo os quais nós, brazucas, não seríamos páreo para eles num duelo etílico.
Don Peppe, como todo bom (e todo mau também) siciliano, para quem amigos são família, e família é tutto cosa nostra, sentiu-se pessoalmente ofendido com isso, e me intimou a lavar a honra tupiniquim com sangue. Ou caipirinha, já que eu sou vegetariana.
Os termos do desafio foram definidos: 3 competidores de cada lado. Caipirinha para nós, tequila para eles. Don Peppe, como árbitro, ia beber dos dois. E seria o responsável por declarar os vencedores.
Não ficou muito claro qual seria o critério para definir quem tinha perdido, quem tinha ganhado. Mas na dúvida desempataria quem soubesse falar em inglês o endereço do hotel pro taxista francês.
A batalha teria campo num restaurante brasileiro cavado por Desirée – cujo nome francês é apenas uma camuflagem, é verde-amarelíssima. Tudo combinado, horário marcado, cartazes impressos e...
Na hora do vamos-ver...
Os mexicanos sumiram!
Durante 40 minutos esperamos na estação de metrô que seria o ponto de partida para o desafio. Nada.
Resolvemos seguir para o restaurante – onde ainda, depois de chegar, esperamos mais 30 minutos antes que Don Peppe, nada satisfeito com o bolo que tomou direto de Guadalajara, nos declarou campeões por W.O.
Foi a vitória mais fácil que tive na vida.
Pra comemorar, pedimos uma Skol.
O restaurante brasileiro era uma atração à parte. O dono era francês, mas todos os garçons e garçonetes eram da terrinha. A comida era genuinamente brasileira, a cerveja brasileira. Até o presidente estava lá. Nos cartazes de cachaça e também numa foto em tamanho real na porta do banheiro.
No dia seguinte a chacota sobre os mexicanos não terminava.
Meu instrutor, americano casado com brasileira, veio perguntar-me que tal do restaurante, se era bom, pretendia levar a mulher. Dei o endereço, falei que ele ia gostar. E então ele me pergunta quantos brasileiros estavam estudando nas diferentes salas do centro. Eu disse que um monte....
Ele, ingênuo:
- Como é que vocês se juntam tão rápido? Como é que se reconhecem?
- Ora, Chris.... PELO BARULHO, claro....

Jaqueline Costa
A Campanha em Paris Continua...

Nenhum comentário:

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

Cookie é bom, ninguém quer dar!