quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Díário de Bordo – Página 3

Histórias de uma brasileira perdida na Whiscócia


O frio aqui ainda está suportável. Na verdade, está um frio estilo “Putaquepariu!”. Mas, pelo que li no boletim meteorológico, lá pelo Ano Novo estará na base do “Pu-ta-que-o-pa-riu!”, assim, separando as sílabas por entre dentes.
Se chegar no nível de soletrar, acrescentando um “ccccccaaaaaraaaaalhooooooooo”, eu volto pro Brasil.
Sábado foi dia de visitar a paróquia. É, crianças, aqui em Aberdeen é fácil se tornar uma pessoa carola. Sobretudo pelo fato de que o bar mais cool do pedaço funciona dentro de uma Igreja! Inacreditável!
O altar é o lugar do DJ, um mané escocês que não tem uma música latina dentro da manga.
Europeus na night são um espetáculo à parte. 99% não dançam, o único movimento é o do levantamento do whisky. Os 1% restantes (basicamente os que encheram a cara o suficiente para perderem o bom-senso) se divertem subindo no balcão, ou mostrando a bunda branca – coisas que não são muito bem aceitas pelos seguranças, armários triplex que surgem das sombras e carregam os bebuns sei lá pra onde.
A comida também é um destaque. Não há modo de beber um suco de laranja decente – então eu não bebo suco de laranja aqui. E eles fazem uma espécie de salada de maionese em que, no lugar das batatas, colocam repolho picado. Não creio que seja muito bom para a vida social, mas, enfim...
Também se amarram em baked beans: feijão (branco) cozido com molho de tomate. Comem de manhã, de tarde e à noite.
Levando em conta também a salada de repolhos, já se pode dizer que a Escócia é auto-suficente na produção de gás natural. Ecológicos estes caledônios.
A sueca peituda vai bem. Mas está começando a me olhar meio estranho por me ver tomar banho duas vezes por dia. Deve pensar que tenho doença de pele.
Ou que não existe água encanada no Brasil, e isso pra mim é uma novidade.
Há alguns dias vi a cena mais bonitinha até agora de Aberdeen: sete e pouca da manhã (ou seja, ruas completamente escuras) e um cachorrinho saiu de uma casa, apanhou o jornal na calçada, e levou-o para o dono.
Fiquei lembrando da minha pequena Mayla, pensando em treiná-la para apanhar o jornal. Mas aí lembrei como a danada é friorenta. Num dia como os últimos, com o termômetro fazendo força pra alcançar 1oC, eu estou certa que ela vai olhar-me seriamente nos olhos e passar a mensagem subliminar: telejornal, telejornal, telejornal...

E está lançado o desafio: o primeiro que vier me visitar, trazendo um conjunto de manicure e uma caixa de mate, ganha uma garrafa de Jack Daniels!


Jaqueline Costa
Ho Ho Ho!
E uma garrafa de rum

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Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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