quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Conheça Paris em 1 Dia

Uma Cortesia Jackie’s Tour

A agenda da Paulixta não me ajudava muito. Como ela chegou numa tarde de quinta, sendo que eu teria ainda aula na sexta, e na segunda pela manhã ELA teria aula em Apértim, sobrava basicamente o sábado para aproveitar Paris.
TODA.
Planejei a maratona com antecedência, de maneira a perder pouco tempo em transportes, indo e vindo. Meu já conhecido, afamado e devidamente escroto conhecimento de Paris ajudou, e o espírito ‘estamos aí’ dela foi a cereja no bolo. Assim, depois de uma noite de sexta regada a vinho francês às margens do Sena, acordamos sábado ultra-cedo, super-serelepes e trés chic para andar por toda a megalópole.
E andamos!
Iniciando pelos Champs Elysées, na altura dos Grand e Petit Palais, até o Arco do Triunfo, turibus, Notre Dame, Louvre para posar com a Mona e a Vênus (patrocinada pela De Millus), passeio de barco pelo famoso rio, almoço no Hard Rock, subida à Torrei Eiffel e terminar a noite na Bastilla. Ufa!
Não tenho mais idade para isso.
Enquanto andávamos, tirávamos fotos e apreciávamos o dia, uma e outra vez me chamava ela a atenção para as malas. Sim, as ditas continuavam aparecendo em todos os lugares que íamos. Até mesmo na Torre!
Na mesma medida que apareciam pessoas puxando suas malas, raríssimos (para não dizer nenhum) mochileiros cruzavam nosso caminho. Minha VIP imediatamente criou sua teoria:
- É isso. Os mochileiros são uma raça em extinção! Provavelmente um efeito do El Niño... ou então Os Malas são uma outra raça, uma mutação genética, predadora da primeira...
A história ainda rolaria...
A língua era outro galho. Meu francês, todo mundo sabe, pára nas primeiras estrofes da Marselhesa. O dela era resumido pelas palavras abajour, petit-pois e bidet. Mas nada que um jogo-de-cintura não resolvesse.
Assim que ela chegou ao hotel em que eu já estava hospedada havia mais de um mês, tive que registrá-la. Como eu já era reincidente naquelas plagas, e sempre com estadias longas, o staff já me conhecia. E era sempre uma maneira de treinar o francês, já que eles não se importavam com minha pronúncia horrorosa e nem em traduzir para o inglês quando eu não os entendia. Assim, quando disse ao atendente que minha amiga ficaria uma noite no meu quarto, ele me perguntou se ela também era brasileira. Eu disse que sim e ele, achando que ela também estava flertando com la langue, imediatamente tentou ser cortês:
- Oh! Brésilienne! Ça vas?
Ela olhou para mim com cara de ‘hein?’. Eu só ri. Ele insistiu:
- Ça vas? Ça vas?
Embora o gigantesco ponto de interrogação estampado na cara dela fosse extremamente divertido de se admirar, eu resolvi ajudar. Falei que ele apenas estava perguntando um ‘tudo bem’, francês... ela, imediata:
- Ah! Saravá! Saravá!
Mas isso foi apenas quando chegou. No final daquela maratona francesa, ela já seria capaz de pedir seu croissant e um expresso pra mim. O café-com-leite ainda demandaria mais exposição...
O fim-de-semana estava próximo do fim, e depois de paradas no Moulin Rouge e uma última cerveja de frente para o Arco do Triunfo, seguimos para o aeroporto, rumo a Aberdeen. Nossos vôos eram diferentes, o meu direto, Air France, o dela British Airways, escala em Londres.
Nos despedimos no Charles de Gaulle, para nos encontrarmos novamente no gigantesco aeroporto internacional da cidade de Apértim. E, a despeito da minha tranquilidade com sua pequena escala, ela conseguiu arrumar história também em sua curta passagem pela capital inglesa...
Como sua entrada no Reino Juntim seria por Londres, a VIP foi, tranquila e Paulixta, para o controle de passaportes. O fiscal olhou seu passaporte e sua passagem, e perguntou quanto tempo ela ficaria nas dependências da rainha:
- Um mês.
- E onde vai ficar?
- Em Apertim.
Ele, incrédulo:
- Você vai passar UM MÊS INTEIRO EM ABERDEEN? Mas FAZENDO O QUE?
- Estudando inglês.
- Hein? Você está querendo me convencer que vai passar um mês inteiro estudando inglês em Aberdeen?
E fez ela mostrar a inscrição no curso, a carta-convite que eu tinha enviado, xerox do meu passaporte e meu visto de trabalho, e o visto dela de moradora do Chile, e ainda enchendo a pobre de perguntas e perguntas. Depois, meio a contra-gosto, liberou a menina, com o aviso:
- Ok, pode ir. Mas aconselho você a levar todos esses documentos se sair do país...

Ela chegou em Apértim me contando tudo isso. Depois do susto inicial – afinal eu nunca tive problemas de entrar na Grande Bethânia nem sabia de ninguém que tivesse tido – entendi o problema:
- Olha só, você estava em LONDRES, na INGLATERRA... dizendo que ia pra ESCÓCIA aprender INGLÊS? Era mais fácil ele ter acreditado que você veio aqui para estudar a influência do haggis nas lutas dos clãs....

Jaqueline Costa

Não Aprendeu Inglês na Escócia

Um comentário:

Carmen disse...

Oi Jackie!
Comecei a ler seu blog e o acho mt bom!
E qd quiser ter noticias do "Brésil" eu te passo, rs.
Beijos!

Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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