domingo, 15 de novembro de 2009

Uma Paulixta na França

Nem só de Cariocas é Feito o Conjunto dos Brazucas que Invadem Paris


O fim do curso seria acrescido de uma emoção ímpar: minha Paulixta preferida iria chegar, para um fim-de-semana na cidade dos croissants, e depois seguiria comigo para uma temporada em Aberdeen. Taí, essa realmente mostra que gosta da Jaque! Nem minha mãe foi conhecer a cidade de granito...
A representante da terra da garoa tinha a nobre intenção de estudar inglês por um mês inteiro, no Reino Juntinho. Mas com minha famosa lábia carioca e charme luso-brasileiro, convenci a incauta a encontrar-me primeiro em Paris, para uh-la-lar por Champs Elysées.
(Claro que isso de lábia e charme é puro tagarelismo. Ninguém com um mínimo de noção precisa ser convencido a passar um fim-de-semana em Paris. Mas eu prefiro olhar o mundo assim, faz bem para a minha cútis).
Seu vôo era uma salada de aeroportos digna de deixar feliz qualquer criança de 5 anos: saindo de Santiago, Chile. Depois Espanha, finalmente Paris. E de lá, Londres, e só então Apértim. Se espera em aeroporto ganhasse milhagens, ela poderia me visitar de novo no mês seguinte!
Fui buscá-la no obscuro aeroporto de Orly, um total desconhecido para mim, habitué de Charles de Gaulle. Como linha de metrô para aquelas bandas é um tanto complicado – só existe uma, e passa a cada aparição do cometa Halley – optei pelo bom e velho táxi.
O motorista iniciou o questionário do bom-taxista, perguntando para onde eu ia, de onde era, e coisa e tal. Qual não foi minha surpresa quando ele começou a falar num excelente português! Era a primeira vez que eu encontrava alguém fora do cursinho xubis que falasse nossa bela e complicada língua. E não foi só isso: ainda me brindou com um cartão de um restaurante brazuca na capital do turismo!
Que eu, claro, não tive tempo de visitar...
Recolhi minha VIP (Vim do Interior Paulixta) e nos pusemos rumo a Val D’Europe, já que eu ainda teria um dia mais de curso. Longe de Paris downtown, mas ao lado da Eurodisney, então tivemos um lúdico jantar à base de bruschetta (eu disse BRUSCHETTA...) e cerveja no Planet Hollywood, e voltamos ao hotel para colocar a fofoca em dia.
Com a madrugada adentrando e sem a menor luz no fim do túnel da conversa, resolvemos dormir que o dia seguinte seria cheio – pelo menos para mim.
Após algumas horas fingindo que escutava o instrutor, e um esforço hercúleo de manter os olhos abertos, finalmente recebi o ‘congratulations, here is your certificate!’. E voltei para o hotel – banho, malas e vamos para onde a night existe!
Eu havia feito a reserva do hotel via internet. Procurei ficar perto do quarteirão latino, Notre Dame e Louvre. Para não ter problemas de espaço, afinal somos duas mulheres espaçosas e colecionadoras de creminhos para as madeixas, pedi um upgrade no quarto duplo.
Depois que vimos o quarto, fiquei imaginando como seria a habitação sem upgrade. Basta dizer que se uma de nós quisesse ir ao banheiro, a outra teria que deitar na cama para dar passagem. E as malas – as minhas arrumadas para passar dois meses fora de casa, as dela para um mês, ou seja, nada básicas – foram habilmente equilibradas de uma maneira que, se apresentadas a um crítico de arte, ganharia um prêmio celebrando o modernismo da instalação.
Bem, resolvemos ignorar fleumaticamente o fato, e depois de nos certificarmos que a pirâmide de Quéops estava segura, saímos para uma caminhada às margens do Sena, e um lanchinho. E estávamos ali, entre uma taça de vinho e outra, admirando o ir-e-vir das ruas francesas, quando minha VIP me lança uma dúvida:
- Pra onde vai esse povo todo de mala pelas ruas???
- Como é?
Sim, era verdade – embora não estivéssemos próximas de nenhum aeroporto ou estação de trem, várias e várias pessoas passaram por nós, já lá pela meia-noite, manobrando suas malas com rodinhas. Um fênomeno que nos perseguiria por toda a estada da Paulixta...

Jaqueline Costa
Próxima página: Paris em um dia, ou seu dinheiro de volta!

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Uma Emocionante Saga em Busca da Piada Perfeita

"As Páginas do Díário" surgiram meio por acaso, da união de minha paixão por escrever com a necessidade de responder a meus vários muitos amigos a eterna pergunta que não raro pululava em minha mailbox: "onde é que você tá, mulher?"
Pra não responder um por um, os relatos das viagens foram iniciados, e enviados para uma lista de amigos. Um interessante efeito bola-de-neve começou, com amigos mandando os textos para outros amigos, e a lista foi aumentando. Com tanta gente que nem me conhece querendo ler as besteiras que escrevo, só posso concluir uma coisa: como tem gente boba neste mundo! ! !
Para não correr o risco de perder os textos, resolvi colocar tudo na net, para referências futuras, que não serão aceitas como prova por nenhum juiz.
Claro que isto não significa que vou deixar de mandar as páginas do diário por email para meus diletos, seletos, concretos e infelizes leitores!

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