Num Ninho de Mafagafos
Algumas palavras sobre meu trabalho anterior, para quem não me conhece, e sobre o novo.
Trabalho nesta linda e absolutamente apaixonante indústria petrolífera, lar de pessoas educadas, afáveis e bonitas feito capa da Vogue.
E eu sou uma empada. Com azeitona.
Enfim... meu trabalho anterior consistia em coletar dados de pressão e temperatura durante testes nos poços. Sem muitas delongas, eu programava na superfície equipamentos eletrônicos que eram então descidos no tal poço. Depois de terminado o teste, recolhiam-se os registradores, eu fazia o download dos dados para o computador, e entregava ao cliente junto com um lindo e florido relatório.
O maior risco do trabalho era com as baterias de lítio dos tais registradores. Caso rompesse o invólucro, o contato do lítio com água poderia causar sobre-aquecimento e até explosão. Mas quem nunca usou um celular debaixo de chuva que me sufoque com sua apólice de seguro de vida.
Atualmente, recolho amostras de fluido direto do reservatório, mantendo na pressão original ou, mais freqüentemente, acima dela. Então eu basicamente uso nitrogênio e óleo sintético para pressurizar uma câmara cilíndrica a 15 ou 20 mil psi. As câmaras são baixadas no poço, a amostragem é feita, e eu as recolho e transfiro o petróleo para os cilindros de transporte.
Claro que, quando as câmaras voltam do poço, estão cobertas de óleo, escorregadias que só. E, para facilitar, eu tenho que carregá-las escadaria abaixo, segurando-as na longitudinal (nerd é o caralho! Vocês sabem do que eu estou falando). Pra quem nunca visitou uma plataforma (99% desta lista), uma surpresa: as escadas não são limpinhas. Então eu tenho óleo nas luvas, nas câmaras cilíndricas, nos degraus e nos corrimãos.
E, obviamente, está ventando. Sempre.
E chovendo, 50% das vezes.
Em resumo: deixei minha tranqüila vida de ajustadora de relógio para poder manusear mísseis balísticos no agradável clima do Mar do Norte.
Mas eu gosto assim!
Para quem achou meu trabalho complicado, tenho a dizer que é moleza se comparado com a impossível tarefa de arrumar uma paquerada que seja nesta cidade. Começo a achar que os escoceses não são muito chegados.
Mas eu sou brasileira, não desisto nunca!
Jaqueline Costa
Tinha sete mafagafinhos
2 comentários:
Escoceses usam saias em seus trajes típicos. Isso já não colabora.
Mas pense pelo lado positivo: Sean Connery é escocês e tem fama de garanhão até hoje, do alto dos seus quase 80 anos.
Por que você acha que ele AINDA tem pinta de garanhão? Porque foi o ÚNICO garanhão que a Escócia produziu, ué!!!!
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